ORIGEM
As informações mais antigas que se tem sobre o hoje município de Terra Nova datam dos meados do sec. XVIII, quando o Engenho Terra Nova é relacionado como um dos quinze existentes na Freguesia de São Pedro de Itararipe e Rio Fundo,em documentos pertencentes ao acervo do Arquivo Público do Estado da Bahia, (transcritos no Site do Bangüê). Mais informações datam de 1819, quando o senhor Luis Paulino Pinto da França,( baiano , marechal e deputado português , vindo para o Brasil , em 1808, com a Família Real) conseguiu permissão para instalar , em terras de sua propriedade, o Engenho Aramaré, conforme o decreto seguinte :“ Concede a faculdade para estabelecer-se uma feira no quarto dia de cada semana em terras do engenho Aramaré da Capitania da Bahia “ , rubricado pelo Rei D. João VI e datado de 9 de agosto de 1819 . Esse documento, reproduzido no livro Cartas Baianas de Antônio de Oliveira Pinto da França, descreve Aramaré, sua vizinhança e a importância da instalação da feira livre no local , devido à dificuldade de transporte e comercialização dos produtos no porto da vila de Santo Amaro da Purificação. Como existia uma rua chamada de Quinta Feira, concluiu-se que a aludida feira fora ali instalada, e ali deu-se o inicio de Terra Nova. Na administração do prefeito Eduardo Valente, a rua passou a chamar-se Praça Luis Paulino. Em 1854 Aramaré é vendido pelos filhos de Luis Paulino a Manoel Costa Pinto ( futuro visconde de Aramaré).
Pesquisas mais recente, com antigos operários da Usina informa que o nome Quinta Feira está ligado a um dia adicional de folga concedido pela Usina, que passava por dificuldade na moagem. Então alguns operários aproveitaram a folga para construir suas residências, como o dia da folga foi quinta feira deram esse nome para rua.
A USINA TERRA NOVA
A industrialização da cana vai se tornando inviável para os engenhos, que vão desaparecendo dando lugar aos engenhos centrais e para as Usinas, passando seus proprietários para a condição de fornecedores de cana; produtores de mel para vender aos alambiques de cachaça; e fazendeiros de gado.
O contrato para construção da Usina Terra Nova, foi assinado em 1899 com o governo do Estado, observado em uma carta de Cezar Rios Comp., datada de 1908 existente no Arquivo Público da Bahia. “Ilmo. Sr. Dr. Governador do Estado da Bahia. Cezar Rios & Comp. Sucessores de Gonçalves Cezar Rios& Comp. Concessionários da Usina Terra Nova, contrataram em 1899 de acordo coma lei No. 255 de 25 de agosto de capacidade de trabalhar 250 toneladas de canas em 24 horas, mas que os concessionários construíram de 400 toneladas para melhorar a garantia da empresa.”
“No decurso da Primeira Guerra Mundial e nos anos da década de 1930, a maioria dessas usinas [Aliança, São Bento, S. Carlos, Aratu, Paranaguá…] passou para a firma comercial Casa Magalhães & Cia., por dividas. A Casa Magalhães criou uma subsidiária, Lavouras Indústrias Reunidas (LIR), que as administrou dai em diante”. Transcrito do livro Historia da Bahia de Luiz Henrique Tavares.
FERROVIA
A Estrada de Ferro de Santo Amaro, inaugurada em 1883, ligando a cidade de Santo Amaro – porto escoadouro do açúcar produzido nos engenhos – à localidade do Jacu( mais tarde , à Catuiçara) passava por Terra Nova e contribuiu para o crescimento do povoado , integrante da Freguesia do Rio Fundo. A concessão para a construção é de 1874 e inicio em 1875, sendo que em outubro de 1878 as obras estavam em Terra Nova, dados registrados em documentos no Arquivo Publico da Bahia. Em Terra Nova foram construídos; uma Ponte; a Estação Terra Nova, do lado da usina; Ponto Ceen, no Centro. O Ramal foi fechado no ano de 1964, porém os trilhos permaneceram, servindo ás usinas Paranaguá e Terra Nova até
O fechamento delas.
Mas, só a partir de 1900, o território, formado por diversas fazendas de gado e de canaviais, com destacada importância da usina e da estrada de ferro passa a desenvolver-se. O engenho Terra Nova, também teve relevância pois em suas terras formou-se um polo populacional chamado de Terra Nova Velha.
Se durante a sua construção a usina já participava do desenvolvimento gerando trabalho para o povoado, em 1902, a fábrica foi a unidade econômica responsável pelo desenvolvimento do povoado, pois, além de produzir o açúcar, seus empregados também eram encarregados da manutenção dos equipamentos( maquinário, locomotivas ,vagões) e também pela conservação dos imóveis, o que gerava empregos e fazia a economia local crescer. O crescimento econômico era traduzido em maior poder aquisitivo da população que vendia e comprava na feira –livre , nas venda, nas lojas de tecidos, nas barbearias ,nas alfaiatarias.
Nesse contexto, não se pode deixar de mencionar o papel relevante de duas instituições : a Igreja Católica e a Escola. A religião católica era praticada nos lares dos operários e fazendeiros, no Cruzeiro da Praça, na capela da Usina e ,depois, na Igreja de São Roque. O Padre Liberato, pároco de Rio Fundo, foi durante muitos anos o principal representante do Catolicismo em toda a região.
A primeira professora de Terra Nova foi D. Maria Luiza de Paiva Luna, Dona Lulu, cujo pai, proprietário de fazenda, instalou uma escola na sala de sua residência, provavelmente nos fins dos anos 1800. Depois chegaram outros professores, sendo, destes, a professora Conceição a mais mencionada pelos moradores dos primeiros anos do século XX.
Em 1953, através da Lei Estadual n. 628, o povoado de Terra Nova passou a ser distrito de Santo Amaro e teve o nome mudado para Terra Boa , condição e nome que permaneceram até 1961, quando houve a emancipação política.
A usina de açúcar continuou a ser o principal empregador e impulsionador do crescimento do distrito, que tinha no futebol e nas festas populares, as religiosas e o micareta, suas principais atividades de lazer. O caruru de São Cosme também era um costume de muitas famílias terranovenses , herança cultural dos seus antepassados escravos africanos , cuja religião, o Candomblé, também era muito praticada em todo o recôncavo baiano.
A Usina levou para Terra Nova médicos, dentistas, enfermeiros e auxiliares para trabalharem nos postos de saúde e, mais tarde, no hospital. Esses profissionais, ao lado de funcionários públicos, como professores, coletores, escrivães, policiais, agente dos Correios, ferroviários e outros ajudaram a povoar e desenvolver o distrito.
O MUNICÍPIO
A Lei Estadual 1.532 de 20 de outubro de 1962 criou o Município de Terra Nova, desmembrando-o de Santo Amaro, isto é, mudando a sua condição de distrito de Santo Amaro para a de município independente. O território do novo município ficou constituído pelos antigos distritos de Santo Amaro: Terra Boa, Jacu e Rio Fundo.
A emancipação política provocou a necessidade de eleição para escolha de Prefeito e Vereadores que passaram a administrar a cidade. O primeiro prefeito foi EditoTeles de Menezes, a cuja gestão coube a implantação do Município e abrangeu o período de 1963 a 1967.
Ainda nessa gestão foi criado , em 1964, o Ginásio Oscar Pereira de Magalhães, cujo primeiro diretor foi o padre Moisés Pinho dos Santos.
Também em 1964, o ramal ferroviário para Catuiçara, que passava por Rio Fundo, Terra Nova e Jacu, foi desativado, passando ser o transporte rodoviário a única opção para locomoção da população.
Edito Teles de Menezes foi sucedido pelos seguintes prefeitos: Lourival Leite Neves (1967 a 1971 e 1973 a 1976); Luiz Teles de Menezes (1971 a 1973);José Raimundo da Silva ( 1977 a 1982); Eduardo Vinhas Valente (1983 a 1988 e 1993 a 1996); Jonas Pereira de Jesus (1989 a 1992) Francisco Hélio (1997 a 2000, 2001 a 2004, 2009 a 2012); Roque Cruz Leão (2005 a 2008).
Nesses 50 anos a Câmara de Vereadores foi constituída por ilustres terranovenses , alguns já falecidos como: Artur Inácio, Flávio Godofredo Pacheco, Artur Pacheco, Ademar Neves.
Em 1972, a Usina Terra Nova deixou de funcionar. Com ela também fecharam-se o hospital, o posto médico e todas as residências que pertenciam ao Grupo Magalhães. Muitos empregados foram embora e outros foram absorvidos por outras indústrias do Recôncavo, como a Petrobrás, por exemplo. De lembrança ficaram a chaminé , Escritório, e o Chalé, hoje sede da Prefeitura Municipal.
Viraldo B. Ribeiro